quinta-feira, 19 de junho de 2014

Menos jogos para Vita dos estúdios da Sony

Quem acompanha esse Blog sabe que sou um grande fã de jogos portáteis - e que o PSVita tem um lugar especial no meu coração.

Dois analógicos perfeitos para jogos de tiro, gráficos excelentes em alta definição, tela OLED com brilho e cores de cair o queixo, e o pedigree da Sony para trazer suas franquias para o vídeo-game.

O PSVita lançou com Uncharted, uma franquia espetacular. Com gráficos incríveis, o Vita provou desde o começo que seria capaz de nos oferecer experiências inacreditáveis em qualquer lugar.

Uncharted provou que o Vita era capaz de uma experiência espetacular. Desde o início sabia-se que os orçamentos magros de jogos portáteis dificilmente produziriam jogos tão bons. Restaria à Sony lançar jogos que provam a capacidade do Vita

LANÇAMENTO DIFÍCIL
Comprei o meu no lançamento, devorei Uncharted e alguns outros jogos (Mutant Blob Attack, Gravity Rush) e fiquei esfregando as mãos em antecipação pelo que mais o Vita teria para oferecer.

Ken Levine, gênio por trás da franquia Bioshock, nos prometeu um Bioshock para Vita. Com o desenvolvimento turbulento de Bioshock Infinite (que culminou com o fim do seu estúdio Irrational Games), é até previsível que o jogo nunca visse a luz do dia

Depois desse lançamento bombástico, as coisas esfriaram. Os desenvolvedores ainda desconfiavam do Vita, e alguns jogos prometidos no seu lançamento começaram a dar sinais de que jamais sairiam - especialmente porque o Vita não vendeu bem. O exemplo clássico é o Bioshock para Vita, que foi engavetado depois que a 2K viu os números de venda de Vitas.

2 ANOS ACEITÁVEIS
Até aqui minha história com o Vita tinha sido tortuosa (poucos jogos que tiram proveito de todo o potencial do console), mas aceitável. Um jogo de peso é lançado aqui e acolá, principalmente da própria Sony: Killzone, Little Big Planet, Tearaway.

Alguns experimentos foram feitos com franquias terceirizadas como Borderlands 2 e Assassins Creed - com resultados apenas razoáveis para os desenvolvedores. O cenário parecia contar cada vez mais com a Sony para carregar a bandeira de jogos de peso - que teoricamente venderiam mais Vitas, e trariam os desenvolvedores de fora uma vez que tivéssemos volume.

Até hoje me impressiono com os gráficos de Killzone no PSVita. Capaz ele é

E, nos intervalos entre esses jogos maiores, sempre tivemos bastante jogos independentes que preenchiam o vazio de grandes jogos do Vita.

O VITA É UM CONSOLE PS3 NA PALMA DA MÃO. OPS, MUDAMOS DE IDÉIA
Essa semana, em uma entrevista ao site Polygon, Shuhei Yoshida (o manda chuva de desenvolvimento de games da Sony) disse que o Vita deve contar com menos suporte de estúdios da Sony ao PSVita: o foco desses estúdios estaria principalmente no PS4 (sucesso estrondoso de mercado).

Segundo Shuhei, o Vita contaria basicamente com os jogos de estúdios independentes - principalmente jogos indie. Para aproveitar grandes jogos no sistema, ele sugere que a sua função de remote play atenderia (jogos de PS4 ali). Conta ainda com os jogos do PSNow - jogos de PS3 via Streaming, serviço que a Sony deve lançar em breve.

Last of Us é um dos jogos que poderá ser jogado no Vita quando PSNow for lançado. Enquanto isso, jogos nativos rodando no Vita vão sendo deixados de lado

Quem gosta do Vita como eu ficou bem puto. É um sistema caro justamente porque é um portátil poderoso, parrudo, que aguenta grandes jogos. A postura que a Sony está adotando é que, basicamente, não teremos mais grandes jogos (ou teremos muito poucos). Tudo isso dois anos depois do lançamento do Vita.

É um chute no saco de quem gosta de uma boa experiência portátil e defende a existência do Vita.

COBRIR O MERCADO DE MASSA E DESCOBRIR O NICHO ENGAJADO - MICROSOFT E O XBOX ONE MANDAM UM ALÔ
Já ficou claro que o chamado Core Gamer não liga para portáteis. O grande mercado de portáteis está em jogos mais simples para telefone, ou em sistemas mais simples e baratos como o 3DS (um belo console, diga-se de passagem).

Nesse contexto, fica evidente que o Vita é um sistema de nicho, para uma parcela pequena de jogadores interessados em experiências mais complexas e com mais engajamento no sistema portátil.

Shuhei Yoshida já segurou um Vita com carinho. Saudades desse dia

Uma das coisas que dá raiva é que o Shuhei (um cara gente finíssima, diga-se de passagem - já vi várias entrevistas com ele) diz que o mercado de mobile é focado eme experiências simples, de 10 a 15 minutos. Com certeza esse não é o perfil de um cara que compra o Vita. Mas ele parece querer jogar o jogo de jogos de telefone. Tudo bem, tem muita grana ali - mas esquecer o perfil que abraçou a promessa inicial do Vita (experiências parrudas e portáteis) é sacanagem.

Nessas horas eu fico feliz com a Nintendo, que todo mundo critica por não olhar o mercado. A Nintendo continua criando experiências incríveis com as suas franquias nas suas plataformas.

O QUE FAZER? SENTAR E CHORAR
É frustrante ver essas mudanças de mercado: pela lógica da grana, os jogos tendem para o simples - assim eles conseguem abraçar o maior público possível.

No filme Indie Game (um belo filme, vale assistir no Netflix), o criador do Braid - Jonathan Blow - fala sobre isso: o trabalho dos grandes estúdios é arredondar toda e qualquer aresta mais provocante, aguda, afiada - pra que ninguém se incomode. É a mesma lógica que está sendo aplicada ao Vita, já que o foco em jogos complexos rendeu pouco mercado.

Thomas was Alone é um jogo independente espetacular, mas os cenários são minimalistas e os personagens são quadrados coloridos. Tenho que escolher entre jogos assim e jogos 3A como Uncharted? O Vita é capaz de rodar os dois e merece os dois

Respeito as movimentações de mercado e entendo que eles precisam se adequar. Mas não poderiam nunca parar de dar suporte ao Vita com grandes jogos.

Quem se dedica a games de um jeito mais intenso naturalmente vê essa movimentação com cara de merda.

Segue a matéria do IGN. Se tiver saco, dê uma lida nos comentários - tem discussões interessantíssimas acontecendo naquela comunidade sobre isso.

http://www.ign.com/articles/2014/06/18/sony-fewer-first-party-games-coming-for-ps-vita

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