sábado, 29 de março de 2014

Análise Ryse - Sun of Rome para Xbox One

Estava com o Ryse a alguns meses aqui, mas finalmente sentei para jogá-lo do começo ao fim. Tinha esnobado esse jogo no começo pois os reviews que vi colocavam o game na prateleira dos medíocres.



Não achei o jogo medíocre, achei bom (ainda que não seja ótimo). Aí vãos os detalhes.


Gráficos de cair o queixo
Pra começo de conversa, o jogo é muito bonito. É um daqueles jogos que de vez em quando eu paro pra ficar olhando os cenários. As cores são bonitas, os cenários variados - tudo coisa fina.

Cidades, montanhas e florestas - boa variedade de cenários serve pra mostrar a beleza dos gráficos da nova geração

As animações de batalha também me agradam - são movimentos rápidos, que ajudam a manter o ritmo acelerado das lutas.


Depois de castigar um pouco os inimigos, você pode iniciar seu movimento finalizador. Eles envolvem cortar a garganta, decepar braços ou algum movimento que tenha a ver com o contexto do ambiente (jogar da ribanceira ou queimar numa fogueira). Com gráficos realistas de primeira, esses movimentos são brutais.

É isso que acontece nas finalizações. Dá dó do cara barbudo

Do que joguei até agora no Xbox One (e joguei todos os exclusivos), esse é o jogo com gráficos mais impressionantes.


Armaduras pesadas não impedem a esquiva com rolinho
Uma coisa que chamou minha atenção foi como os movimentos do Mário (hominho que a gente controla) são rápidos. As vezes, rápidos demais.

As esquivas são feitas com um rolo pro lado, exatamente como o do Kratos em God of War. Achei um pouco esquisito, principalmente porque o personagem é grandão e usa uma armadura pesada.

Aproximadamente no minuto 6 desse vídeo as animações de luta ficam interessantes

No fim das contas, é uma daquelas coisas que são importantes para o jogo ter resposta rápida aos seus comandos. Mas faz com que as animações no meio do combate sejam um pouco rígidas e ligeiramente menos fluidas.


Um truque só
90% do tempo de jogo é empregado em batalha. Com mapas bem lineares, não há muita exploração ou plataformas para te ocupar.

Nesse sentido, a luta é a parte mais importante do jogo. E foi justamente  parte que recebeu mais críticas - a grande maioria dos críticos considerou o jogo muito repetitivo.


Entendo a crítica, pois o jogo é muito focado no combate e você faz pouca coisa além disso. Mas achei que as lutas têm complexidade e profundidade o bastante para sustentar todo o jogo até o final.


Mecânica de jogo e combate
A parte mais básico do combate consiste em variar entre ataques e golpes para abrir a defeso do inimigo. A partir daí, pequenas variações entram em campo de acordo com o inimigo.

Os com escudo requerem foco em abrir a defesa. Como bloquear ataques abre a defesa do inimigo, você varia entre ataques e bloqueios.



Os inimigos mais ágeis desferem um golpe mais forte que não pode ser bloqueado - é preciso esquivar - estratégia que não funciona com os caras do escudo, que geralmente lançam 2 ataques seguidos (você esquiva do primeiro e é atingido pelo segundo).

Tem ainda um que te ataca com duas espadas e esquiva de quase qualquer golpe - você precisa bloqueá-lo 3 vezes para abrir a defesa e e poder atacar.

Por último tem os arqueiros te incomodando de longe.

Coloque tudo isso no mesmo lugar, e você vai ter um cenário em que precisa ajustar as estratégias constantemente para sobreviver.


Finalização estratégica
Além de tudo isso, tem as finalizações.

A princípio isso parece apenas um Quick Time Event (aqueles momentos em que você só aperta  botão pedido pelo jogo para dar sequência à animação, popularizados pelo God of War) para deixar as animações mais impressionantes.


Parte disso é verdade. Só que cada finalização te dá um bônus, que você ajusta durante as batalhas (recuperar vida, ganhar mais experiência, deixar ataque mais forte ou ganha 'foco' - que te deixa mais poderoso por uns segundos). Escolher qual bônus você precisa em cada momento pode fazer a diferença entre vida e fracasso.

Ou seja, durante todo o jogo eu estava imerso nessas mecânicas de jogo. Funcionou pra me engajar com o jogo. Mesmo que você praticamente só lute o jogo inteiro, acho que tudo isso faz com que a luta seja legal o suficiente.


Variedade modesta
As lutas geralmente são intercaladas por sessões bem simples em que você orienta algumas estratégias do seu exército (com pequenas mudanças em como a luta se desenrola).

Tem também os momentos em que você e o batalhão fazem a formação romana de tartaruga - é um minigame simples baseado apenas em ritmo: você defende as flechas e atira lanças enquanto o inimigo mira a próxima saraivada.



Enfim, são idéias interessantes, mas com mecânicas muitos simples.


Jogo curto: oba!
Ryse: son of rome é curto. Terminei em 4  sessões de jogo (uma de 4 horas num sábado e outras sessões mais curtas).

Gosto de jogos curtos, então funcionou pra mim.

Além disso, acho que esse tempo estava bem ajustado à mecânica de jogo focada em combate: o jogo ficaria mais cansativo caso se estendesse mais.


Se comparar com God of War (que mistura plataforma e alguns quebra-cabeça durante a campanha), Ryse é mais limitado e pede um game mais curto.


Dublagem é um chute no saco
Se tem um problema duro de engolir nos jogos de Xbox One comprados em disco aqui no Brasil é a dublagem. O problema é que não há opção para ver o áudio em inglês, não consigo entender o porque disso.

Já tinha vivido esse drama com Dead Rising 3, mas naquele jogo a história é mais besta e despretensiosa - por isso não me incomodou tanto.

A história de Ryse tenta ser mais dramática, e nesse ponto a dublagem arruina o trabalho dos roteiristas. A voz do Mário (herói da trama) parece voz de vilão de filme do Braddock (dublado, claro).


Aqui um momento dramático arruinado. Quero ver alguém levar a sério um herói que fala assim. A voz do Mário parece uma mistura de Popeye e Rambo


O mais triste é que a história é razoável, então acho que merecia a opção de som em inglês - que geralmente tem atores que capricham mais na entrega do diálogo.


Conclusão: bom começo
Achei Ryse um bom jogo. Acho que o que impede esse jogo de ser ótimo é a falta de variedade.

Ele poderia trazer um pouco mais de inovação para ter mais personalidade. Ryse se sustenta em gráficos muito bonitos e mecânicas de jogo complexas, mas poderia ter introduzido alguma coisa nova que deixasse o jogo diferente, único.

Não sei se ele teve performance de mercado boa o suficiente para garantir uma sequência, mas gostaria de ver as boas idéias do jogo (e o cenário em que se passa) serem expandidas. Acho que com alguns ajustes, Ryse pode se tornar uma franquia bem interessante.

Dou nota 7,5 para o Ryse - por pouco não é ótimo.

Bom divertimento.

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