sábado, 29 de março de 2014

Análise Ryse - Sun of Rome para Xbox One

Estava com o Ryse a alguns meses aqui, mas finalmente sentei para jogá-lo do começo ao fim. Tinha esnobado esse jogo no começo pois os reviews que vi colocavam o game na prateleira dos medíocres.



Não achei o jogo medíocre, achei bom (ainda que não seja ótimo). Aí vãos os detalhes.


Gráficos de cair o queixo
Pra começo de conversa, o jogo é muito bonito. É um daqueles jogos que de vez em quando eu paro pra ficar olhando os cenários. As cores são bonitas, os cenários variados - tudo coisa fina.

Cidades, montanhas e florestas - boa variedade de cenários serve pra mostrar a beleza dos gráficos da nova geração

As animações de batalha também me agradam - são movimentos rápidos, que ajudam a manter o ritmo acelerado das lutas.


Depois de castigar um pouco os inimigos, você pode iniciar seu movimento finalizador. Eles envolvem cortar a garganta, decepar braços ou algum movimento que tenha a ver com o contexto do ambiente (jogar da ribanceira ou queimar numa fogueira). Com gráficos realistas de primeira, esses movimentos são brutais.

É isso que acontece nas finalizações. Dá dó do cara barbudo

Do que joguei até agora no Xbox One (e joguei todos os exclusivos), esse é o jogo com gráficos mais impressionantes.


Armaduras pesadas não impedem a esquiva com rolinho
Uma coisa que chamou minha atenção foi como os movimentos do Mário (hominho que a gente controla) são rápidos. As vezes, rápidos demais.

As esquivas são feitas com um rolo pro lado, exatamente como o do Kratos em God of War. Achei um pouco esquisito, principalmente porque o personagem é grandão e usa uma armadura pesada.

Aproximadamente no minuto 6 desse vídeo as animações de luta ficam interessantes

No fim das contas, é uma daquelas coisas que são importantes para o jogo ter resposta rápida aos seus comandos. Mas faz com que as animações no meio do combate sejam um pouco rígidas e ligeiramente menos fluidas.


Um truque só
90% do tempo de jogo é empregado em batalha. Com mapas bem lineares, não há muita exploração ou plataformas para te ocupar.

Nesse sentido, a luta é a parte mais importante do jogo. E foi justamente  parte que recebeu mais críticas - a grande maioria dos críticos considerou o jogo muito repetitivo.


Entendo a crítica, pois o jogo é muito focado no combate e você faz pouca coisa além disso. Mas achei que as lutas têm complexidade e profundidade o bastante para sustentar todo o jogo até o final.


Mecânica de jogo e combate
A parte mais básico do combate consiste em variar entre ataques e golpes para abrir a defeso do inimigo. A partir daí, pequenas variações entram em campo de acordo com o inimigo.

Os com escudo requerem foco em abrir a defesa. Como bloquear ataques abre a defesa do inimigo, você varia entre ataques e bloqueios.



Os inimigos mais ágeis desferem um golpe mais forte que não pode ser bloqueado - é preciso esquivar - estratégia que não funciona com os caras do escudo, que geralmente lançam 2 ataques seguidos (você esquiva do primeiro e é atingido pelo segundo).

Tem ainda um que te ataca com duas espadas e esquiva de quase qualquer golpe - você precisa bloqueá-lo 3 vezes para abrir a defesa e e poder atacar.

Por último tem os arqueiros te incomodando de longe.

Coloque tudo isso no mesmo lugar, e você vai ter um cenário em que precisa ajustar as estratégias constantemente para sobreviver.


Finalização estratégica
Além de tudo isso, tem as finalizações.

A princípio isso parece apenas um Quick Time Event (aqueles momentos em que você só aperta  botão pedido pelo jogo para dar sequência à animação, popularizados pelo God of War) para deixar as animações mais impressionantes.


Parte disso é verdade. Só que cada finalização te dá um bônus, que você ajusta durante as batalhas (recuperar vida, ganhar mais experiência, deixar ataque mais forte ou ganha 'foco' - que te deixa mais poderoso por uns segundos). Escolher qual bônus você precisa em cada momento pode fazer a diferença entre vida e fracasso.

Ou seja, durante todo o jogo eu estava imerso nessas mecânicas de jogo. Funcionou pra me engajar com o jogo. Mesmo que você praticamente só lute o jogo inteiro, acho que tudo isso faz com que a luta seja legal o suficiente.


Variedade modesta
As lutas geralmente são intercaladas por sessões bem simples em que você orienta algumas estratégias do seu exército (com pequenas mudanças em como a luta se desenrola).

Tem também os momentos em que você e o batalhão fazem a formação romana de tartaruga - é um minigame simples baseado apenas em ritmo: você defende as flechas e atira lanças enquanto o inimigo mira a próxima saraivada.



Enfim, são idéias interessantes, mas com mecânicas muitos simples.


Jogo curto: oba!
Ryse: son of rome é curto. Terminei em 4  sessões de jogo (uma de 4 horas num sábado e outras sessões mais curtas).

Gosto de jogos curtos, então funcionou pra mim.

Além disso, acho que esse tempo estava bem ajustado à mecânica de jogo focada em combate: o jogo ficaria mais cansativo caso se estendesse mais.


Se comparar com God of War (que mistura plataforma e alguns quebra-cabeça durante a campanha), Ryse é mais limitado e pede um game mais curto.


Dublagem é um chute no saco
Se tem um problema duro de engolir nos jogos de Xbox One comprados em disco aqui no Brasil é a dublagem. O problema é que não há opção para ver o áudio em inglês, não consigo entender o porque disso.

Já tinha vivido esse drama com Dead Rising 3, mas naquele jogo a história é mais besta e despretensiosa - por isso não me incomodou tanto.

A história de Ryse tenta ser mais dramática, e nesse ponto a dublagem arruina o trabalho dos roteiristas. A voz do Mário (herói da trama) parece voz de vilão de filme do Braddock (dublado, claro).


Aqui um momento dramático arruinado. Quero ver alguém levar a sério um herói que fala assim. A voz do Mário parece uma mistura de Popeye e Rambo


O mais triste é que a história é razoável, então acho que merecia a opção de som em inglês - que geralmente tem atores que capricham mais na entrega do diálogo.


Conclusão: bom começo
Achei Ryse um bom jogo. Acho que o que impede esse jogo de ser ótimo é a falta de variedade.

Ele poderia trazer um pouco mais de inovação para ter mais personalidade. Ryse se sustenta em gráficos muito bonitos e mecânicas de jogo complexas, mas poderia ter introduzido alguma coisa nova que deixasse o jogo diferente, único.

Não sei se ele teve performance de mercado boa o suficiente para garantir uma sequência, mas gostaria de ver as boas idéias do jogo (e o cenário em que se passa) serem expandidas. Acho que com alguns ajustes, Ryse pode se tornar uma franquia bem interessante.

Dou nota 7,5 para o Ryse - por pouco não é ótimo.

Bom divertimento.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Grandes olhando para pequenos - continuação

Quem diria que esse assunto seria atualizado tão rápido?

Facebook comprou Oculus (equipamento de realidade virtual) por 2 bilhões. Mais um grande entrando num negócio relativamente pequeno.

Já estamos vendo algumas reações de desconfiança, principalmente de gente que olhava para o Oculus como um potencial campo fértil para inovação.



Notch, criador do Minecraft, já manifestou o seu desgosto com o acordo. Vale lembrar que ele é um entusiasta da tecnologia, e que contribuiu com 10 mil dólares quando o Oculus era uma campanha no Kickstarter. Mesmo assim, vejam o que ele declarou via Twitter:

"We were in talks about maybe bringing a version of Minecraft to Oculus. I just cancelled that deal. Facebook creeps me out."

Apesar de não ligar para Minecraft, acho que o Notch é o último romântico do mundo dos games. Precisamos de mais gente como ele.

Agora resta saber se o negócio de realidade virtual vai mesmo ser uma fonte de diversão, ou se vai acabar sendo uma grande idéia que na prática não cumpre o potencial (como os controles por movimento Playstation Move e Kinect).

Quem já testou o Oculus garante que é impressionante. Serve também como piada de mau gosto pra quem tem labirintite.



Fonte: http://www.polygon.com/2014/3/25/5547584/facebook-buys-oculus-rift-game-developers-reaction


terça-feira, 25 de março de 2014

Trapaça

Aqui vai um tema interessante: como a trapaça em jogos pode ajudar a construir jogos melhores.


Para fazer sentido, veja que ele categoriza a trapaça em diferentes níveis - desde tirar proveito de alguma regra do jogo (como o quick scope de Call of Duty), códigos que alteram levemente as regras (código para ter mais vidas no Super Contra) e finalmente os softwares que fazem sua mira ir automaticamente na cabeça do coitado que está do outro lado tentando se divertir.

Quick Scope - tenho raiva disso. Os comentários desse cara são tão bizarros que fica divertido

Achei interessante a referência do criador de Magic, que menciona como os jogos competitivos eventualmente chegam a um ponto em que uma estratégia domina todas as demais. Segunda a lógica dele, usar uma técnica que de alguma forma tira proveito de buracos nas regras para dominar todos os demais seria trapaça. Seria?

Para um jogo como Magic, com novas coleções sendo sempre lançadas, isso cria uma dinâmica interessante. Para jogos sem essa característica, eles geralmente usam o princípio de pedra, tesoura e papel (3 classes onde você sempre terá vantagem sobre um, e desvantagem sobre o outro).

Boa trapaça.

Grandes olhando para pequenos - como isso afeta nossa diversão?

Essa semana a Disney comprou a rede de vídeos do You Tube chamada Maker  Studios. Essa rede é famosa por trabalhar com vários caras com propostas modestas e uma audiência de respeito.

O mais famoso é o PewDiePie, que tem mais de 25 milhões de assinantes e que basicamente posta vídeos dele mesmo jogando vídeo-game. Independente de quanto ele ganha por vídeo, o mais interessante é o quanto custa para ele fazer os vídeos - provavelmente quase nada.

Não é meu favorito, mas as pessoas amam esse cara

Outro que está na Maker Studios e que gosto mais é o Total Biscuit, que traz uma abordagem mais exploratória a novos jogos - o WTF is... (basicamente, que diabos é [insira nome do jogo aqui]). Ao invés de análises estruturadas, ele pega um jogo novo joga por uns 20 minutos enquanto comenta as impressões dele.


Outros exemplos
O Google comprou participação da Green Throttle a cerca de 2 semanas (empresa pequena tentando bolar uma plataforma para jogos Android). Essa empresa era pequena e sem grandes pretensões - e ainda assim o Google resolveu embarcar na proposta.

No lançamento do PS4, os dirigentes da Sony deram bastante destaque para os desenvolvedores de jogos independentes. Sem contar que o PSVita, portátil da Sony, que hoje se sustenta em grande parte em jogos independentes - muita gente chama o Vita de Indie Machine.



Finalmente, para usar um exemplo daqui, acho que o pessoal do Porta dos Fundos aparecendo em comerciais da TV aberta e começando a aparecer em seriados da GNT e da Globo seguem o mesmo movimento.


Além da coincidência
Já sabíamos que esses caras pequenos têm voz. Mas essas aquisições nos fazem pensar o quão forte é essa voz, e até onde vai a importância deles.

Desde que eu estava na faculdade, quando a internet ainda era novidade, já escutava falar que a web seria uma grande força para democratizar a criação de conteúdo. Acho que esse movimento só está está se consolidado com essas aquisições.

Não pude resistir a essa imagem, mesmo sendo protegida. Isso resume perfeitamente o nosso tema


Ainda é cedo para saber se vai acontecer um movimento de convergência, ou se esses diferentes canais (mainstream e independente) vão manter filosofias próprias. Torço pelo segundo cenário.


E como isso muda nossa diversão, afinal de contas?
Gosto do cenário em que os produtores de conteúdo independente são... bem, independentes.

Já os produtores grandes e tradicionais de conteúdo costumam ter aquela postura meio patética de tentar adequar os novos formatos dentro do modelo de negócios deles. Já vimos isso na indústria da música (primeira a ser mais impactada pela internet).

Matéria divertida de 1998 - Economist falando do medo crescente que a indústria fotográfica tinha da internet. Eles deveriam ter tido mais medo mais rápido

Geralmente o mercado precisa de um tempo de acomodação até achar os seus novos caminhos - e imagino que isso deve acontecer aqui.

O grande problema é que, quando os grandes compram os pequenos, são eles que têm as grandes decisões nas mãos. Resta saber se vão deixar o pessoal trabalhar de forma independente.


Mais exemplos de fracasso do que sucesso
Os exemplos mais recentes mostram que a tendência é meter os pés pelas mãos. Uma empresa grande acha que vai revolucionar o mercado independente, inunda os cofres deles com dinheiro e recursos... e o conteúdo independente perde a personalidade.

Muita gente associou a qualidade do Dragon Age 2 à presença da EA. A Electronic Arts é considerada o império do mal no mundo dos games, algo parecido com o que muitos pensam da Globo aqui no Brasil


Vimos isso quando a Electronic Arts comprou a Bioware e fez uma grande lambança com Dragon Age 2 (e, em certa medida, Mass Effect 3). Li uma entrevista com os donos da Bioware na época, e a expressão que eles usaram foi: eles te dão corda para se enforcar.

http://www.joystiq.com/2013/04/10/zeschuk-ea-gives-you-enough-rope-to-hang-yourself-in-a-good/

Tive o desprazer de assistir o Rafael Infante esse final de semana no novo enlatado de humor da Globo. Não sei o desempenho do programa na audiência, mas deu pra ver que é um show melancólico, forçado, sem alma.

Não estou criticando a Globo - acho que eles fazem TV tradicional muito bem. Mas você vê a dor deles tentando se adequar a esse novo cenário de mídia - e provavelmente vão conseguir em algum momento.


Dinheiro =/= diversão
O choque filosófico é justamente esse: as grandes empresas pressupõem que jogar dinheiro em cima de um problema faz com que ele vá embora (ou que o cenário melhore de alguma forma). Acho que essa lógica nem sempre funciona no mundo criativo.



Os independentes geralmente se sustentam em estilo, personalidade e cérebro - sem se importar com técnica e qualidade na produção. Não acho que um programa se beneficie por ter iluminação ruim ou som com eco, mas esse não é o coração dos independentes.

Conclusão
Espero que o conteúdo independente continue sendo independente. O problema é que essa decisão gora estará na mão das empresas grandes e tradicionais.

A vantagem é que os independentes são muito ágeis, e hoje têm acesso a canais bem abertos. Se o You Tube deixa de ser interessante, é fácil pular para outro serviço semelhante. O mesmo vale para a Disney.



A esperança está nessa declaração aqui, do Total Biscuit:
"É, a Disney agora é dona do Maker e também é dona da Polaris (canal onde ele cria conteúdo). Não tenho idéia do que isso significa para nós, mas vou continuar criando o conteúdo que eu quiser - ou vou pra outro lugar"

“TotalBiscuit ‏@Totalbiscuit 11h
Yup, Disney now owns Maker so also owns Polaris. No idea what this means for us, but I’ll make the content I want to make or go elsewhere.”

Simples assim.


domingo, 23 de março de 2014

Análise - 4 Elements

Essa semana comprei no 3DS o jogo 4 elements, que já tinha jogado bastante no PC.



É um puzzle game muito simples e altamente viciante.

Mecânica de jogo:
Sua missão é abrir um caminho do ponto A ao ponto B no mapa. Esse caminho está bloqueado pelo que parece areia ou argila, e sobre essas barreiras existem blocos coloridos amontoados.

Arrastando o mouse (ou o palitinho do 3ds) por blocos da mesma cor você elimina os blocos e abre a argila que está embaixo.

O verde mais vibrante é onde o caminho foi aberto. Essa imagem é do PC, com alta resolução

É uma premissa super simples, que fica mais interessante conforme o jogo avança e você desbloqueia power ups de acordo com a cor dos blocos que você destrava.

Clima Relaxante
Além de um puzzle game bem interessante, o clima do jogo é bem único. Destaque para o design de som, com barulhos bem orgânicos que parecem contribuir para um clima tranquilo.



Pra mim, os barulhos na hora de destravar os blocos equivalem a estourar plástico bolha - tem alguma coisa ali que me faz continuar voltando. De forma geral, é um jogo bem gostoso.


Sucesso em várias plataformas - 3DS talvez não seja a melhor
Esse jogo está disponível em vários lugares - PC, iPad, 3DS. E dá para encontrar a um preço razoável - no Steam, comprei a um preço promocional ridículo e no 3DS o preço normal é de 6 dólares.

Aliás, vale um update aqui sobre a análise do 3DS: a loja Brasileira não funciona com alguns cartões de crédito. Tinha elogiado bastante a loja, mas acabei tendo que fazer uma conta nos EUA para conseguir comprar os jogos com cartões pré pagos.

Mesmo gostando muito do jogo, é preciso admitir que a versão dele no 3DS talvez não seja a melhor delas. O palitinho permite uma grande agilidade na hora de marcar os blocos, mas o grande problema é a resolução da tela.

Resolução da tela maltrata os olhos quando se está buscando algum detalhe


Essa deficiência fica evidente nas fases que você deve achar peças escondidas em um cenário, ou achar as diferenças entre 2 imagens (não se assuste, são só uns puzzles curtos de transição para dar um pouco de variedade ao jogo).

Nesses momentos, as vezes é impossível identificar detalhes na tela do 3DS. O jogo permite dar um zoom nessas imagens apertando L ou R, e isso torna a limitação menos gritante. Mas expõe a limitação do Hardware - me peguei várias vezes clicando a tela às cegas por não conseguir ver bem os detalhes na tela.

Conclusão
Apesar da limitação de resolução do 3DS, 4 elements é um bom jogo em qualquer plataforma. Considero que a portabilidade do 3DS e a agilidade de jogar com o palitinho (stylus) acaba compensando essa fraqueza.

Fora isso é um jogo relaxante, ideal para partidas curtas antes de dormir - apesar de a dificuldade crescer bem nos níveis mais avançados.

Se você gosta de jogos mentais, vai gostar desse. Gosto de compará-lo ao ótimo Puzzle Quest (também tenho esse em PC e PSP), outra preciosidade escondida debaixo de uma camada de simplicidade.

Simples sim, casual não
Só um último comentário: não quero nem pensar em comparações desse jogo com Candy Crush Saga. Aliás, quando fui tentar entender a fixação do Candy Crush só pensava em como ele é fraco quando comparado ao Puzzle Quest e ao 4 Elements.

Enfim, coisas que não entram na minha cabeça. Obviamente estou na minoria nesse caso, Candy Crush é uma franquia milionária. Mas essa é outra discussão.

Bom divertimento.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Contra o sistema

Vivemos tempos de manifestações contra a Copa do Mundo, contra a corrupção e contra os rumos políticos, filosóficos e materiais do século 21.

Por isso, esse post é fundamental.

Trata-se de uma  bela coleção de fotos com anarquistas quebrando as regras. São imagens poderosas.

Indivíduo de alta periculosidade. Cade o spray de pimenta?

33 anarquistas de primeiro mundo que não se importam com as suas regras
http://m.imgur.com/gallery/s86G0

Bom divertimento.

Thunder Busters

Esses mashups de som às vezes beiram genialidade.

Esse é o meu favorito: mistura de ACDC com Ghostbusters. É mullets que não acaba mais.


Bom divertimento.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Magneto, novo Arauto de Galactus

Mencionei no último post os quadrinhos do Gurewitch, segue um belo exemplo do tipo de humor que ele faz


Ele tem um site mais desatualizado, mas que tem um monte de quadrinhos no arquivo para ler. Tudo muito bom, vale a visita.

http://www.pbfcomics.com

Bom divertimento.

Café Preto

Filminho brincando com a forma como associamos ser macho e tomar um café bem preto. Basta clicar no link a seguir:

Black Cofee - Trails of Tarnation
http://vimeo.com/20253107


Pra quem não souber inglês, a trama é assim:

Um caubói acorda e vai tomar o café do companheiro. Reclama, cuspindo, que o café está fraco - diz que já viu o cavalo do companheiro mijar mais escuro que aquilo.

Tira da barraca sua incrível máquina de fazer café: "Isso aqui vai fazer um café de homem"

O resultado é uma grande confusão.

Esse e outros vídeos podem ser encontrados no site do Gurewitch - um dos gênios mais distorcidos da internet. Os quadrinhos dele também são muito bons.

http://cargocollective.com/nicholasgurewitch

Bom divertimento.

terça-feira, 18 de março de 2014

Medo

Não sei se filme de terror pode ser considerado um bom divertimento. Pra mim, costuma ser uma experiência de sofrimento. Mas acho que pelo menos tentar assistir alguma coisa assustadora pode ser um jogo divertido.

Muito bem! Num concurso de curtas de terror, esse foi o vencedor (link abaixo):

Lights Out
http://vimeo.com/82920243

Bom medo.

PS: quem me mandou esse vídeo foi o Vince Vader. O link pro Blog dele já está ao lado, mas vale reforçar a referência.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Superman com uma GoPro

Homem de aço em primeira pessoa.


Bom divertimento.

domingo, 16 de março de 2014

Análise Nintendo 3DS

Comprei essa semana o Nintendo 3DS (modelo XL). Aqui vai a minha análise do console.

Sentia sua falta, Nintendo
É inegável que as franquias mais influentes do vídeo-game para caras da minha geração (filho dos anos 80) são da Nintendo. Todos nós crescemos com Mario, Zelda, Donkey Kong e Metroid.

Mario, Mario e mais Mario


Rever esses personagens na telinha é como rever velhos amigos.


Jogos sabor diversão
A Nintendo não tem apenas os personagens. Seus games seguem fórmulas incríveis e únicas.

Para começo de conversa, eles tiveram a brilhante idéia de  usar cores nos seus jogos – algo que, por algum motivo, parece inconcebível para os outros designers de jogo.

Estourando o orçamento de cores


Mesmo jogos mais infantis que joguei de PSVita ou PS3 recentemente (Little Big Planet e Puppeteer) usam uma paleta de cores limitada – tendendo sempre pro cinza ou marrom. Isso não entra na minha cabeça.

Aaah, o vibrante marrom


Não é um problema tão grave se o jogo for divertido, mas me pergunto qual a dificuldade de colorir um pouco o jogo.

Depois de alguns minutos jogando o último Zelda (a link between worlds), você já tem aquele porre de vida e cores com a cara da Nintendo – verde, roxo, amarelo, marrom. Pensando bem, será que a Nintendo patenteou o verde e o amarelo?

O design dos jogos também tende a ser espetacular. Incrível como eles trabalham com um hardware limitado, mas em nenhum momento você tem a sensação de estar faltando alguma função pela forma como eles desenvolvem o jogo. Claro, estou falando dos jogos feitos pela Nintendo.


Primeiras impressões: parece um brinquedo, é um brinquedo
Tudo no Nintendo 3DS tem jeito de brinquedo. Sua construção plástica, a cor  vibrante do casco externo, o estilo dos cartuchos e, sobretudo, os jogos da Nintendo – com uma pegada mais festiva, engraçada, divertida.

Jeitão de brinquedo é pouco sexy, mas também dá personalidade pro 3DS


Claro que isso também tem um preço. Ligando o 3DS, minha primeira reação foi estranhar um pouco a tela. Depois de tanto tempo no mundo dos jogos HD, precisei de algum tempo para me adaptar ao visual de baixa resolução – especialmente na tela touchscreen debaixo, onde a resolução é ainda menor.

Os comandos físicos também têm jeito de brinquedo – com alavancas e peças que dão a impressão de menos solidez. Isso pode soar meio biruta, mas também dá uma sensação de liberdade. Me peguei mais relaxado com o 3DS, sem tanto medo de jogá-lo no sofá ou na mochila perto das chaves. É um brinquedo que fala assim: pode usar sem dó.


Estou pegando o hábito de jogar o 3DS na mochila para usar o street pass


Vamos ver se vou estar com a mesma impressão em alguns meses, ou se ele vai quebrar com o abuso. Dou notícias sobre isso.

Os exemplos mais evidentes dessa construção simples são os botões de volume e para ajustar o efeito 3D. São alavanquinhas plásticas que você escorrega pra cima e pra baixo para deixar no nível que quiser.

Talvez a genialidade do 3DS seja justamente essa: simplicidade. Ele te dá o essencial para jogar, e parece tirar o máximo proveito do que o Hardware oferece. Isso faz dele um console mais barato, acessível, amigável. O 3DS é aquele tio bonachão que traz pirulito pra todo mundo.

Bagunça


Obviamente isso fez com que o 3DS se popularizasse, com bons resultados. É o portátil com mais suporte dos estúdios externos. A diversidade de jogos é ótima, e tem coisa nova saindo constantemente.

O maior destaque do 3DS é a quantidade enorme de bons jogos exclusivos


A minha justificativa para desembolsar o dinheiro da compra do 3DS foi justamente essa: o preço do console é bem razoável, e com ele levo os exclusivos da Nintendo e um monte de jogos de estratégia de estúdios externos. Assim que terminar o Zelda, quero mergulhar no Fire Emblem – jogo de estratégia aclamado por jogadores e críticos, com nota 92 no Metacritics.


Sem troféus, sem pressão
A ausência de troféus ou achievements reforçou essa sensação de um uso mais livre do 3DS. Não tem um monte de estatísticas medindo o seu jogo o tempo todo.

Um brinde à simplicidade. Nham!

Se o jogo é bom você segue com ele para continuar se divertindo. Não tem aquela barrinha de 3% de progresso te assombrando, fazendo com que você se sinta em dívida com um game comprado e deixado de lado.


Efeito 3D impressiona, mas não sustenta
Já tinha visto o efeito 3D antes e ficado impressionado. Mas também já tinha lido que a maioria das pessoas acaba desligando depois de algum tempo.

Comigo foi exatamente assim. Assim que seus olhos se ajustam, tem aquele efeito impressionante que faz seu queixo cair. Tenho TV 3D, e o efeito do 3DS é incomparável – muito mais bonito, profundo e nítido.

O problema é que o efeito cansa. Segurando o 3DS na mão, ele sempre se mexe um pouco e você perde a nitidez por um segundo. Depois de algumas horas de jogatina, o olho começa a reclamar. Desliguei o efeito do meu.

A Nintendo teve que colocar um aviso no 3DS, alertando que crianças não devem usar o efeito 3D por ser potencialmente prejudicial ao desenvolvimento dos olhos


Acho que o efeito 3D é aquela característica que te faz vir, mas não te faz ficar.

A vantagem é que, com 3D desligado, tenho conseguido desempenho de bateria impressionante, na casa das 7 horas.


Foto 3D. E só
Mesmo sendo um console conectado à internet e com algumas funções multimídia, achei interessante que o 3DS tem um posicionamento bem focado. É pra jogos, e só. Não quer ser também um Tablet, um celular, uma torradeira.

E a única coisa mais diferente que ele oferece é a foto 3D. E faz bem feito. O efeito da foto fica muito bom.


Analógico (e a ausência de um segundo analógico)
O 3DS é o primeiro portátil da Nintendo a ter um direcional analógico. Ele é grandão e tem um bom encaixe com o dedão. Achei ele OK, confortável, cumpre a função sem muita firula.

Esse segundo analógico foi lançado como um periférico, e muita gente acreditou que logo sairia um 3DS já com  o equipamento embutido. Até agora, nada.


Jogando Resident Evil, você nota que o segundo analógica faz um pouco de falta. Mas acho que é uma exceção. A maioria dos jogos que me interessam (estratégia) não vão demandar isso. Se eu começar a me deparar com esse problema em muitos jogos atualizo aqui.


Nintendo EShop – uma grata surpresa
Fiz um cadastro no EShop Brasileiro da Nintendo, e fiquei surpreso com a qualidade e quantidade de jogos.

Todos os jogos mais recentes estão lá com descrição, foto e vídeo. Achei muito melhor do que a loja do Vita. É curioso que a Nintendo é conhecida por não saber trabalhar online, mas pelo que vi na loja achei ótimo.

A loja Brasileira é ótima e tem todos os jogos, apesar de o preço tupiniquim ser sempre mais salgado


Gostei muito da quantidade de jogos independentes, como VVVV e Gunman Clive. Tem mais coisa lá que quero explorar, adoro esses jogos experimentais.

Gunman Clive: esse jogo esbanja estilo. Já terminei no Xperia Play, to pensando em jogar de novo na tela maior do 3DS


Acho que cabe falar aqui que o 3DS roda cartuchos do DS – um console com muito jogo bom. Vou tentar achar alguma coisa que ainda não tenha jogado.


Conclusão: um pouco de Nostalgia, um pouco de Estagnação
Até agora, estou feliz com a compra. O 3DS me permite matar as saudades dos games da Nintendo sem exigir muito investimento da minha parte – investimento de dinheiro e de engajamento, por ter essa pegada mais livre.

A variedade de jogos é outro destaque – tem muita coisa boa para brincar.

Só acho que ficaria incomodado se tivesse comprado no lançamento, pagando preço cheio. O posicionamento mais relaxado e simples me agrada, mas também expõe a certa estagnação da Nintendo.

O pessoal da Nintendo acredita que Mario, Donkey Kong e Zelda sempre vão trazer os compradores, mesmo que o Hardware não seja o mais avançado do mercado. Você vê essa filosofia por toda parte do 3DS.

É um portátil pouco Sexy. E fica pra atrás do Vita, ou mesmo do iPad, em termos gráficos. Claro que isso não é tudo – a Nintendo tem os jogos, que é o mais importante. Por isso acho que a compra vale a pena, ainda mais no preço atual.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Batalha épica para consertar a internet

Bom texto, boa narração e um belo estilo de Pixel Art.




Engraçado que, quando li que era um vídeo sobre 'consertar a internet', imaginei um tratado científico com raiz sociológica para melhorar conteúdo ou comportamento das pessoas online. Não é bem isso, felizmente.

Bom divertimento

quarta-feira, 12 de março de 2014

Google compra parte da Green Throttle, empresa de games para sistema Android

Essa notícia é fresquinha: Google comprou parte da Green Throttle, empresa focada em ligar aparelhos android à TV. Ele vem com um controle para usar com seu celular ou tablet como se fosse um console.

Esse vídeo institucional mostra a visão para o projeto. Notem que a conversa é bem conceitual e um pouco genérica: o melhor do mundo dos consoles e dos jogos de celular. A princípio não impressiona muito.





É um projeto ainda pouco desenvolvido, mas com o Google por trás a coisa pode mudar drasticamente. Aqui tem uma análise preliminar feita ano passado.



Já sabemos que o Google quer participar da briga pela nossa atenção na sala de estar - hoje travada por aparelhos mais simples como Apple TV e Ouya, e pelos consoles de peso - Xbox e Play Station.

Confesso que tenho um certo receio da proliferação desses consoles baseados em Android. Minha preocupação é que aconteça com grandes jogos de console um processo parecido com o que houve nos consoles portáteis - que perderam relevância diante do rápido crescimento do mercado de jogos para celular.

Alguns analistas vêm alertando para possível fim dos jogos tradicionais de grande orçamento, que dariam lugar para games mais simples. Tomara que não.

Nossos repórteres estão de plantão acompanhando a história, e postaremos novidades assim que tivermos mais notícias.

Fonte: Pando.com

Revista Xula

Nesse último final de semana foi lançada a revista Xula, fazendo grande barulho no mercado editorial de quadrinhos xulos.



A revista tem uma orientação artística que remete ao já obsoleto movimento de quadrinhos engraçados, com uma roupagem moderna trazida por grandes talentos da nova geração de cartunistas. Sem temer o démodé, a revista Xula é engraçada e muito bem ilustrada.

Por R$30 reais você leva um bonito livro recheado de bagunça, com 104 páginas coloridas.

Um dos integrantes do grupo é o Calote, cujos quadrinhos já foram mencionados aqui no Blog No Intervalo, sempre antenado às tendências do bom divertimento.

David Bowie e Mick Jagger dançando e cantando

Um belo encaixe entre essas duas figuras e um clássico da música brega.


Bom divertimento.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Análise Assassins Creed: Bloodlines para PSP

Encontrei uma promoção na PSN semana passada para jogos da Ubisoft.

Com meu Vita conectado em minha conta americana, adquiri o Assassins Creed Bloodlines para PSP por apenas 5 dólares.  Esse preço é o que podemos chamar de barbada para um jogo como esse.

É um ótimo jogo de ação com gráficos que impressionam para o PSP. E o mais importante, a jogabilidade é excelente. Estava jogando Assassins Creed de Vita quando me deparei com essa promoção, e o jogo de PSP é mais legal (ainda que os gráficos obviamente sejam mais fracos).

Terminei Assassins Creed: Bloodlines em cerca de 5 dias de jogatina moderada (pouco menos de duas horas por dia). É um jogo curto, do jeito que gosto –fechei o jogo em cerca de 8 horas fazendo algumas missões secundárias.

A história fez pouco sentido pra mim, já que nunca terminei o Assassins Creed 1. Mas em linhas gerais, é a rotina de um Assassins Creed qualquer: espionagem, perseguição e assassinato aos Templários do mal, com pequenas reviravoltas e traições na trama.

O que mais chamou minha atenção foi a mecânica de luta e as belas animações dos golpes. Isso é importante, já que é um game com muita batalha corpo a corpo.

A mecânica de luta obedece a um sistema simples onde, a cada espadada defendida pelo inimigo, você deve aplicar o próximo golpe no tempo exato para manter o fluxo ofensivo.

Ou seja, assim que ouvir o som metálico de choque entre espadas deve apertar o quadrado de novo, e de novo - fazendo chover cacetadas sobre o inimigo. Isso vai criando uma animação de movimentos fluidos que culmina com uma finalização cinemática mais dramática. Bem legal.


Nesse tutorial dá para conferir a qualidade gráfica, das animações, e checar como funciona a luta de espadas.

O jogo teve uma recepção morna da crítica em geral, com nota 63 no Metacritic. As principais reclamações são:

- Jogo curto – para mim, é uma vantagem. Prefiro jogos mais enxutos.

- Combate repetitivo – tem bastante combate nesse jogo, mas achei que ele tem profundidade suficiente para segurar a diversão até o fim. Não cansei das lutas.

- Controle de Câmera – de fato é problemático como todos os jogos em 3D para PSP. Mas tem um mapeamento inteligente dos botões para contornar a limitação do portátil.

- Gráficos e escopo (mapa pequeno) – essa crítica me irrita. O jogo é muito bonito para o PSP, apesar de usar poucas cores (predomínio do cinza e marrom). O mapa total é grande, mesmo que esteja dividido em áreas menores ligadas por portões (atravessar portão = loading time bem curto).

A crítica ao gráfico é típica do que acontece com o PSP: ao invés de ser comparado com o AC de Nintendo DS, o jogo foi comparado com a versão de PS3 que obviamente é mais bonita. Parte da culpa é da Sony por posicionar os portáteis como experiências de console na palma da mão.

No departamento diversão, achei esse jogo melhor que o Assassins Creed 1 de PS3. Um grande feito para um jogo no pequeno PSP, que em dezembro desse ano completa 10 anos de vida.

Dou uma nota 8 para o jogo – captura o espírito de um Assassins Creed, e traz uma experiência de jogo ambiciosa na tradução para um portátil. Andar pela cidade, arrumar confusão (e resolver os problemas na espadinha) foi um barato.

Classic Game Room

O melhor site de análise de games que conheço é o Classic Game Room, comandado pelo carismático Mark.

Classic Game Room

O site é em inglês, mas se você conhecer a língua vai se divertir com reviews não só de jogos, mas  de outras nerdices como quadrinhos, brinquedos e até tranqueiras comestíveis.

Tem um genial review recente de batatas apimentadas. Vale conferir também o review das gominhas de mascar do Mario Bross.

O Mark tem um estilo fanfarrão, acho que é um tipo de humor com potencial para agradar os brasileiros. Recentemente, enquanto o mundo dos games estava obcecado com anúncios de lançamento do PS4 e do Xbox One, ele fez uma espetacular sequência de análises de controles paralelos de PS2.


A filosofia do Classic Game Room é ser um contraponto ao que ele chama de 'Análises corporativas' de grandes sites como IGN e Game Trailers. É uma abordagem menos estruturada, mais solta, focada exclusivamente no fator diversão.

Mark costuma ignorar questões como performance de mercado, tendências, etc. Ele também faz mais análises de games antigos do que dos novos: Super Nintento, Mega Drive e Atari estão entre os favoritos.

Recentemente, Classic Game Room teve que retirar seus vídeos principais do You Tube em função das novas regras de Propriedade Intelectual do Google, o que é uma pena. Você ainda pode seguir os vídeos diretamente no site CGR. Vale a pena dar uma passada por lá.

Bom divertimento.

sábado, 8 de março de 2014

Clube da Luta em 16 bits

Versão do filme Clube da Luta com o tratamento 16 bits.



Bom divertimento

PS: Mesmo havendo uma referência a 8 bits no filme, o bom nerd sabe que o Super Nintendo tinha 16 bits.

Review Batman: Arkham Origins Blackgate para PSVita

Arkham Origins Blackgate traz uma abordagem nova para o universo Arkham e representa uma boa tradução dos jogos de console para a experiência portátil.


APRESENTAÇÃO:
Joguei no Vita, e gráficos e texturas são bonitos. Também gostei da interpretação dos atores, e apesar de a história ter sido alvo de várias críticas, achei decente.

O visual é fiel ao estilo da série Arkham, com predomínio de tons sombrios

As cutscenes desenhadas a mão ficaram lindas na tela OLED do Vida, e acrescentaram uma personalidade própria para o jogo.






JOGABILIDADE:
As lutas são bem divertidas, seguindo o mesmo estilo dos consoles - só que na perspectiva 2D. Não tem a mesma profundidade do console, e o desafio é um pouco menor - você ataca e defende para esquerda ou direita. Mas é uma parte bem resolvida do jogo, pois captura a essência do ótimo sistema de lutas do Batman.



Combate seguem o estilo de equilíbrio entre ataque e defesa, e mantém a essência testada e aprovada da séria

A maior crítica que o jogo recebeu se relaciona à exploração dos ambientes. O mapa funciona no esquema 2,5D, o que adiciona um nível de desafio (e frustração nos momentos finais do jogo).



A QUESTÃO DA NAVEGAÇÃO
A navegação acontece como em qualquer jogo 2D, em que você atravessa corredores no estilo Metroidvania. A diferença é que, nesses corredores, você pode se deparar com portas ou dutos de ventilação no fundo da tela. Ou seja, na prática o mapa é em 3D (mesmo que você só possa sair do corredor nesse pontos de intersecção).



A navegação vai se tornando mais complexa a medida que o jogo avança

Navegar em mapas 2,5D requer alguma adaptação, mas jogadores de vídeo-game são espertos o bastante para conseguir decifrar. O problema é que nos momentos finais do jogo, em que você precisa atravessar grandes áreas vazias do mapa (inimigos derrotados não regeneram), o ritmo do jogo fica mais lento. A cada tela você precisa acessar o mapa para entender onde aquele duto ou corredor vai te levar.


Uma versão para console com gráficos e texturas aprimoradas vai ser lançada em breve, onde eles adicionaram um sistema de dicas para facilitar a navegação. Quem sabe não trazem essa atualização para o jogo de Vita e 3DS?


MODO DETETIVE
Pela complexidade da navegação e pela constante descoberta de caminhos secretos, usar o modo detetive é essencial. Essa crítica também pode ser feita para os games de console (me incomodei um pouco com a navegação do Arkham City em particular). Mas sendo um fã da série desde o primeiro jogo, acho que é mais uma característica da séria Arkham do que um problema da versão portátil.





Essa necessidade de usar o modo detetive acaba sendo uma questão de gosto. Gosto de pensar que a prisão é cheia de segredos, mas poderia ter sido melhor manter o caminho principal do jogo mais evidente: alguns caminhos essenciais para avançar a história são bem escondidos e só podem ser encontrados com o uso meticuloso do Modo Detetive.



CONCLUSÃO:
Me diverti bastante com o jogo. Navegar pela vasta prisão Blackgate enquanto constantemente descobria novos bat-equipamentos fez com que fosse um daqueles jogos difíceis de largar.


O jogo se beneficiaria com um processo de navegação mais simples, pelo menos para atravessar o caminho da história principal (não me importo com conteúdo opcional bem escondido). Isso impediria aquela sensação frustrante de travar de vez em quando - coisa que provavelmente acontecerá com você em algum momento.

Até o Coringa do filme tem um cartãozinho para ser achado

Ainda assim, é o tipo de jogo que espero ver mais no Vita - versões diferentes que tiram melhor proveito do sistema ao invés de jogos antigos portados do PS3 ou outras plataformas.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Os portáteis da minha vida

Sempre fui um entusiasta dos consoles portáteis. Aqui vai um longo post sobre esse mundo.

Desde os primeiros joguinhos digitais, sempre fez sentido para mim poder sentar em qualquer canto e matar algumas horas com jogos portáteis - por mais simples que fossem.

Até hoje não sei como esses jogos foram parar em casa

UNIDOS PELAS CIRCUNSTÂNCIAS
Nessa época eu ainda morava com meus outros 5 irmãos em uma casa com 2 TVs. Tínhamos o Atari (e um Telejogo encostado), mas nem sempre podíamos jogar pela simples competição de tempo nas TVs. Pior: sendo o filho caçula, eu sempre era o último da fila para jogar. Meus irmãos acumulavam récordes em longas partidas de River Raid enquanto eu me espatifava nas primeiras curvas, para felicidade de todos.

Aqueles joguinhos digitais eram minha válvula de escape. Apesar da simplicidade, eu podia jogar sem interrupção pelo tempo que quisesse - até virar um mestre nos jogos mais bestas.


CASAMENTO FELIZ
Tive vontade de ter um portátil novamente bem mais tarde, quando comecei a viajar bastante a trabalho. Comprei um nintendo DS e fiquei impressionado com a evolução dos jogos. Castlevania, Zelda e Call of Duty (primeiro FPS que me enganchou) eram os destaques.

Quando lançaram GTA de DS, fiquei viciado. Foi quando comecei a refletir sobre o tempo que eu estava colocando no DS, mesmo quando estava em casa.

Pouco depois acabei comprando um PSP usado. Fiquei bobo de ver o que ele fazia.

Você foi feito pra mim. Levei meu PSP na minha lua de mel

Sendo fã de Star Wars, joguei muito Force Unleashed e Battlefront. Antes de Call of Duty no PS3, Star Wars Battlefront foi o primeiro jogo online que joguei à exaustão. Cheguei num nível em que era temido nos servidores online pela maestria na pilotagem de caças espaciais.


SOLUÇÃO PRA TUDO
Nessa época, achei que não precisaria nunca mais de um console. Comprei um cabo para ligar o PSP na TV e pronto. Tinha um baita brinquedo na mão, que podia levar pra todo lugar, com uma biblioteca sensacional de jogos. Vendi o DS e o PS2 e achei que tinha a solução definitiva de entretenimento nas mãos.

Com ele, nunca mais precisaria de outro eletrônico para jogos. Quantas vezes já fiz essa promessa pra mim mesmo?

Essa percepção mudou um pouco com a chegada do iPad. O iPad é uma solução mais completa (jogos, filmes, música, quadrinhos e web). Mas nunca foi a mesma coisa. Quando o assunto é game, a oferta dos tablets sempre foi inferior.

Cheguei a ligar um Motorola Xoom na TV e conectar com um controle de PS3 para jogar aqueles joguinhos mixurucas na telona. Parecia promissor, insisti bastante nessa possibilidade. Mas acabei sendo vencido pelo trabalho que dava para armar aquela aberração. Muito ônus pra pouco bônus.


INSISTINDO NO ERRO
Depois disso ainda comprei um Xperia Play (o PSPhone). Não me culpem: nessa época, os jogos de telefone ganhavam todos os holofotes. Foi quando jogos como Plants VS Zombies, Cut the Rope e World of Goo apontaram para o potencial da plataforma junto ao mercado 'hardcore'.

Apesar de ter alguns bons jogos, Xperia Play foi um fracasso de mercado


A Sony parecia estar no caminho certo, e talvez filosoficamente estivesse. Mas era um telefone caro demais. Foi um fracasso de mercado que não teve suporte de desenvolvedores. O meu serviu para uns 3 jogos, e depois virou uma máquina de emuladores de Super Nintendo e Game Boy Advance.

Não foi um desperdício total, pois ainda me serviu como telefone por um ano. Mas com certeza foi bem aquém do potencial, e sei que deu um bom prejuízo para a Sony.


FINALMENTE ACHEI O MEU PORTÁTIL
Obviamente fiquei entusiasmado quando anunciaram o PSVita e peguei assim que foi lançado no Brasil. Parecia, de novo, a solução definitiva de entretenimento - com capacidade para jogos impressionantes, e com interface que flerta com o mundo mobile (tela touch).

Teoricamente, isso permitiria ao PSVita desfrutar do mercado hardcore sem deixar de lado os games casuais que poderiam matar o mercado de portáteis.

Na prática, gostei muito do Vita. Ele é matador para jogos, com uma biblioteca incrível de jogos de PSP e de Vita. Se aproxima um pouco do mundo dos Tablets na medida que algumas funções multimídia - Netflix e YouTube são os principais.

É de longe o eletrônico que mais uso para me divertir, e a equação [dinheiro gasto / horas de diversão] deve estar nos centavos. Não passo um dia sem brincar com ele.

Mesmo assim, o PSVita está fracassando no mercado. Existem muitas discussões sobre esse tema, mas vejo dois problemas principais:


PROBLEMA 1: AINDA IMPROVISANDO
Aprendi uma coisa no mundo dos eletrônicos: não adianta querer ser tudo para todas as pessoas. Isso geralmente termina em fracasso. Vejam o que está acontecendo com o Windows 8 e a tentativa de ser Tablet e PC ao mesmo temo.

Parece uma boa idéia, mas não é


O PSVita tenta ser uma coisa parecida com Tablet, mas o seu aspecto multimídia é fraco. Os filmes da PSStore não podem ser comprados no Brasil. Até dá para converter DVDs e colocar nele. Na prática dá trabalho - acabo usando o iPad para isso.

O navegador de internet é bem ruim, e ele não tem apps para quadrinhos ou livros. Não me importo com nada disso, mas a pergunta é: para que investir energia em algo que só vai frustrar os usuários?

Se o Vita tem essas funções filmes e navegador de internet, não há desculpa para que não funcione bem nos dias de hoje.


PROBLEMA 2: MOSCA BRANCA
A quantidade de pessoas como eu, que ainda se importa com portáteis, é insignificante. Mais preocupante que isso, é um mercado insuficiente para justificar investimentos em consoles e jogos dessa natureza.

O consenso na indústria de games é que os portáteis estão morrendo, perdendo espaço para jogos de celular.

Vencedores nunca saem de moda

Com as vendas decepcionantes do Vita, hoje (dois anos depois do lançamento) existe grande dificuldade para conseguir suporte dos grandes selos como EA, Activision, Rockstar e Ubisoft.

Sendo teimoso, ainda me pergunto: como alguém pode comparar um bom jogo de iPad com um bom jogo de Vita ou 3DS? Acho que Uncharted: Golden Abiss e Mario Kart são mil vezes melhores do que qualquer jogo de plataforma mobile.


FUTURO SOMBIO? SEM CHANCE
Acho que os games portáteis estão em uma fase de transição. E mais, acho que essas dificuldades vão ser importantes para o amadurecimento das plataformas.

Acho que é uma situação parecida com a evolução do PS3 para PS4: o relativo fracasso do PS3 (principalmente nos Estados Unidos) fez com que a Sony revisse várias políticas internas e o resultado disso foi o PS4 - que está dominando o mercado, tendo anunciado 6 milhões de unidades vendidas essa semana.

Aprendendo com a surra


Acho que o mercado como um todo, e a Sony em particular, precisa dessa sacudida se quiser se posicionar no mercado de forma competitiva. Se esse mercado tem alguma chance de crescer e oferecer jogos de primeira (como é a proposta inicial do Vita), vai ter que se adaptar mais rápido.


QUAL O CAMINHO? O CHUTE É LIVRE
Mesmo sem ninguém ter perguntado, vou dar meus pitacos.

Não tenho certeza de que o futuro dos portáteis está nas mãos da Sony ou da Nintendo. Empresas japonesas são lentas para se adaptar. As novidades mais interessantes podem vir da Apple, Microsoft, ou mesmo do Google. Não importa, desde que os controles sejam físicos (não apenas touchscreen).

Como já tenho o Vita e gosto bastante dele, segue minha lista de sugestões para que ele fique mais legal:
1. Posicionamento: desde o PSP, a Sony adota um posicionamento que promete experiência de consoles na palma da mão. É um overpromise que invariavelmente frustra a base de usuários. Os reviews de jogos de PSVita tendem a compará-los com consoles, baixando a nota dos games no Metacritics. Os jogos de 3DS não vivem esse problema, mesmo sendo graficamente mais simples

2. Mais memória: se o Vita se aproxima de Tablets no quesito Multimídia - e tem jogos muito mais pesados e complexos do que os do iPad - precisa de memória de sobra. O recente lançamento do cartão de 60G é um bom passo, mas acho que começa a ficar bom com 120G. O preço abusivo do cartão obviamente precisa ser revisto

3. Mais multimídia: as ferramentas multimídia têm que funcionar. Um bom browser é tão básico quanto o segundo analógico

4. Mais shooters: a principal razão de ser do Vita é o segundo analógico para controlar câmera e a mira em jogos de tiro em primeira pessoa.

Em 2 anos, o Vita recebeu apenas 3 jogos. Um ruim (Call of Duty), um medíocre (Resistance) e um bom (Killzone). De que adianta o segundo analógico sem os jogos de tiro?

5. Preço: Acho que o PSVita pode cobrar um premmium pelo seu conteúdo. É um brinquedo incrível. Mas essa diferença precisa ser melhor medida. Cartão de memória de 30 gigas a 200 reais e Angry Birds a 30 dólares é um tiro no próprio pé

6. Facilidade de programação => mais apps: o Playstation Mobile parece ser uma iniciativa interessante, sendo fundamentalmente uma ferramenta fácil e barata para se programar. Se a Sony quer receber profusão de jogos, ela tem que saber que muitos serão 'portados' do iOS. Já que é assim, é melhor tornar esse processo mais fácil possível. Com a evolução rápida daquela plataforma, o Vita estaria muito bem servido recebendo jogos como Civilization Revolution, X-Com. Isso sem falar em alguns bons shooters como Modern Combat, que se encaixariam perfeitamente no Vita

7. Triple A minúsculo: Está claro que jogos triple A/ AAA como Killzone e Uncharted para Vita só podem ser desenvolvidos pela própria Sony, e dificilmente justificam o investimento de tempo e dinheiro. Funcionam apenas como chamariz para a plataforma. Existe um conceito novo de jogos aaa (vamos chamar de triple A minúsculo): são jogos ambiciosos, mas com orçamentos mais modestos. Já existem bons exemplos de jogos assim como Deus Ex para iOS e Android

AINDA NÃO ACABOU?
A conclusão desse post enorme é que jogos portáteis são sensacionais. Poucas coisas são mais gratificantes do que se divertir na hora do cocô.

O Vita matou a charada dos portáteis em termos de hardware: tem um ótimo mix de controles e capacidade gráfica. E hoje ainda está a um preço bem atraente. O problema do Vita está no Software.

É compreensível que a Sony não queria investir muito mais numa plataforma problemática como o Vita, ainda mais diante das dificuldades financeiras que a empresa atravessa. Mesmo assim, fico aqui torcendo para que alguém continue carregando a bandeira dos games portáteis.

CÂMBIO FINAL